Mortes por aids caem um terço no mundo, mas Brasil tem aumento nos casos

No Brasil, índice de novos infectados subiu 11% na última década.

As mortes relacionadas ao vírus da aids registraram queda de mais de um terço na última década, uma diminuição similar a do número de infecções, segundo um relatório das Nações Unidas.

Em 2013, 1,5 milhão de pessoas morreram vítimas da doença no mundo, uma queda de 11,8% em comparação com 1,7 milhão de mortes em 2012, segundo os números da ONU. Além disso, o número representa uma queda de 35% na comparação com as 2,4 milhões de mortes registradas em 2004 e 2005.

— Terminar com a epidemia da aids é possível. Restam cinco anos para estabelecer os objetivos, que foram cumpridos até agora. Os próximos cinco anos serão decisivos para os 15 anos seguintes — afirmou Michel Sidibe, diretor Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids).

A queda no número de mortes foi acompanhada por uma redução das novas infecções, que passaram de 2,2 milhões em 2012 a 2,1 milhão em 2013. Desde 2001 o número de novas infecções (3,4 milhões naquele ano) registrou queda de 38%. O relatório destaca que 35 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2013, um número um pouco superior aos 34,6 milhões de 2012.

— Dos 35 milhões de pessoas que vivem com o HIV no mundo, 19 milhões não sabem que são soropositivos — disse o diretor da Unaids.

Brasil tem alta no número de infectados

A África continua sendo o continente mais afetado pela doença, com 1,1 milhão de mortos em 2013, 1,5 milhão de novas infecções e 24,7 milhões de africanos que vivem com o HIV. África do Sul e Nigéria encabeçam a lista de países mais afetados e a Unaids recorda que na África subsaariana ainda é muito difícil o acesso às camisinhas: cada indivíduo sexualmente ativo tem acesso a apenas oito preservativos por ano em média.

A América Latina tinha 1,6 milhão de soropositivos em 2013 (60% deles homens) e o número de novos infectados permaneceu estagnado, com um recuo de apenas 3% entre 2005 e 2013. No Brasil, o país da região com o maior número de infectados, o índice de novos infectados subiu 11%. Na Ásia, os países que mais preocupam são Índia e Indonésia, onde as infecções aumentaram 48% desde 2005.

O relatório da Unaids destaca os avanços no acesso aos tratamentos antirretrovirais, com 12,9 milhões de pessoas atendidas em 2013, contra apenas 5,2 milhões em 2009. Mas o importante avanço é inferior à meta da ONU, que espera 15 milhões atendidas em 2015.

— Para garantir que ninguém ficará para trás nós temos que diminuir a brecha entre as pessoas que podem ser atendidas e as que não, entre as que estão protegidas e as que são castigadas — disse o diretor da Unaids.

O dinheiro destinado ao combate contra a Aids subiu de 3,8 bilhões de dólares em 2002 a US$ 19,1 bilhões em 2013, mas está longe do objetivo da ONU de arrecadar entre 22 e 24 bilhões de dólares em 2015.

Fonte: Jornal Zero Hora/RS

Aids: agora, basta um comprimido

aidsA partir de agora, o Ministério da Saúde passa a oferecer a dose tripla combinada para pacientes portadores do HIV e aids. Até então, o Sistema Único de Saúde distribuía os medicamentos Tenofovir (300mg), Lamivudina (300mg) e Efavirenz (600mg) separadamente. Com o novo tratamento, os três poderão ser ingeridos em apenas um comprimido.

A dose fixa combinada será disponibilizada primeiro nos estados do Rio Grande do Sul e Amazonas (por conta do número de casos). Porém, segundo o médico Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério, a distribuição se estenderá para os outros estados até o final deste ano.

Conforme Mesquita, o principal ganho com o novo medicamento antirretroviral está na redução do número de pacientes que deixam de dar continuidade ao tratamento. Isso porque o protocolo de tratamento preconiza um comprimido de Tenofovir, um de Efavirenz e mais dois da Lamivudina diariamente. Ingerir apenas um comprimido, ao invés de quatro, será um facilitador.

Outro ponto positivo destacado por ele é a redução de gastos e a otimização na distribuição dos medicamentos. “A logística fica melhor porque é mais fácil você entregar um medicamento do que entregar três. Fora isso, apesar de não existir um número fechado, estimamos que conseguiremos incluir no tratamento 100 mil novos pacientes com o mesmo custo dos 350 mil atendidos hoje. É claro que não é apenas por conta dos três em um, existem outroas medidas de contenção de gastos, mas o medicamento faz parte delas”.

“Esse medicamento já era algo perseguido há algum tempo e irá melhorar a adesão ao tratamento. O Brasil está avançando nesse setor. Inclusive, com o novo protocolo, estamos conseguindo iniciar o atendimento mais cedo. Isso, somados à adesão ao tratamento, reflete em um possibilidade menor de transmissão da doença”, analisa o médico infectologista e também membro do Comitê Assessor em Terapia Antirretroviral do Ministério da Saúde, Ricardo Hayden.

Para o também infectologista e vereador santista Evaldo Stanislau, analisando que hoje não há cura para aids, apenas tratamento durante toda a vida, o medicamento três em um é muito importante.

Porém, ele alerta para o que considera um déficit no atendimento de portadores de HIV com Hepatite C. “Não há interação entre os medicamentos das suas doenças e muitos pacientes morrem por isso. Mas em breve, teremos remédios mais compatíveis e poderemos tentar atender melhor estes pacientes”.

 
Fonte:www.aids.gov.br

Associação Fênix Completa 8 anos

No dia 21 de junho de 2014 a Associação Fênix – Ações pela Vida completa 8 anos de existência. São oito anos de luta para combater a violência sexual e doméstica e o preconceito em relação ao HIV/AIDS.

Confira mensagem da presidente da Associação Fênix, Sandra Dolores Paula Lima

Sempre que falo sobre a Fênix, me vem na mente a lembrança do sonho, a realização e os motivos que me levaram a lutar por esse objetivo. Foi o grande desejo de transformação dos sofrimentos das pessoas, famílias, de suas crises quando por vezes se defrontam com o inevitável, a violência, a descoberta da sorologia HIV, abuso sexual, conflitos familiares, enfim, todos os tipos de dores que alguns seres humanos sentem. É com esse intuito e com essas famílias que um dia sonhei trabalhar, ajudá-los a entender o que eles estavam sentindo e como eu poderia fazer a diferença, auxiliando-os a reencontrar seu eixo, a dignidade, auto estima, respeito e valores que são fundamentais a todo ser humano.

Todos esses desejos me fizeram sonhar com a Fênix. Sempre achei que quando um ser humano consegue sair de uma situação de dor extrema em sua vida, esse renasce e por isso escolhi o nome Fênix. Hoje com 08 anos de existência em Curitiba, relembro a trajetória, as dificuldades, que algumas ainda existem, me sinto orgulhosa de como a fênix se estabeleceu com um trabalho verdadeiro, honesto, pois, mesmo nos momentos mais difíceis, renascemos, assim como a ave Fênix.

Os desejos e anseios permanecem; uma sede própria, um veículo para atendimentos aos casos, aumento da equipe interdisciplinar capacitada na temática, que tenha amor ao que faz e ao próximo, e que trate o próximo como gostaria de ser tratada, pois esse e o perfil dos profissionais da Fênix.

Em 2014 recebemos um grande reconhecimento das mãos de nossa Presidente da República, Dilma Roussef: o troféu da ODM ( Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) onde a Fênix ficou em sétimo lugar entre 30 ONGs escolhidas no Brasil. A Fênix é conhecida e reconhecida. Ao receber o troféu, lindo, existiu em mim sentimentos antagônicos: primeiro a felicidade por estar recebendo este prêmio e ao mesmo tempo, o constrangimento pela minha situação momentânea de limitação física. Foi uma mistura de sentimentos, mas lá estava eu. Agradeço o reconhecimento de todos que pela Fênix passaram, funcionários, autoridades, amigos, voluntários, todas as famílias atendidas. Deixo o meu muito obrigado.

Quero compartilhar duas mensagens que me acompanham como reflexão:

“Aprendi com a experiencia que a felicidade ou desgraça dependem muito mais da nossa disposição do que da circunstancia” – Marta Washigton

“Muitos Fazem uma ideia errada do que e a verdadeira felicidade. A felicidade não e a satisfação pessoal mas a fidelidade a um proposito digno” – Helen Keller

Sandra Dolores Paula Lima

Associação Fênix recebe prêmio ODM Brasil

A Associação Fênix, recebeu da presidente Dilma Rousseff, no dia 23 de maio, em Brasília, o Prêmio ODM Brasil pelo Programa de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Paca).

A premiação reconheceu as 30 melhores práticas e projetos sociais, entre 1.090 inscritos, que contribuem para o alcance das metas do milênio e as transformações sociais do Brasil. A Associação ficou em 7º lugar no Brasil.

Parabéns a todos envolvidos com a ONG.

Em sua 5º edição, o Prêmio ODM Brasil foi entregue no encerramento da Arena da Participação Social, evento que reuniu representantes da sociedade civil, gestores públicos, pesquisadores, especialistas e convidados internacionais nos Diálogos sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a Construção da Agenda Pós-2015. Nesse período aconteceram seminários, oficinas e mostra de projetos relacionados aos temas citados.

As 30 iniciativas vencedoras foram escolhidas por um júri de 16 especialistas de todo o país. Das 1.090 inscrições, 804 foram de organizações e 286 de prefeituras. Sessenta e cinco práticas foram pré-selecionadas e visitadas por um comitê técnico do Ipea e da Enap.

A avaliação foi baseada nos seguintes critérios: contribuição para o alcance dos ODM; caráter inovador; possibilidade de tornar-se referência para outras ações similares; perspectiva de continuidade ou replicabilidade; integração com outras políticas; participação da comunidade; existência de parcerias; e manutenção da qualidade nos serviços prestados.

Confira:

Cerimônia de premiação em Brasília:

Revista com as organizações premiadas (Associação Fenix nas páginas 28 e 29)

Resposta ao jornalista que escreveu contra punição de quem discrimina pessoas com HIV

O jornalista Reinaldo Azevedo não gostou da aprovação, pela presidenta Dilma Rousseff, da lei que pune quem discrimina pessoas vivendo com HIV/aids . “Por que uma legislação diferenciada para os portadores do vírus HIV?”, perguntou ele em seu blog da revista “Veja”, no dia 3 (leia aqui). O Fórum das ONGs/Aids do Estado de São Paulo (Foaesp) e a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/ Aids no Estado de São Paulo (RNP+ SP) respondem ao blogueiro na nota que você lê a seguir:

NOTA DE REPÚDIO ao jornalista Reinaldo Azevedo, da Veja

O Fórum das ONGs/AIDS do Estado de São Paulo (Foaesp) e a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS no Estado de São Paulo (RNP+ SP) vêm a público esclarecer ao colunista Reinaldo Azevedo, de “Veja”, sobre a Lei nº 12.984/14, que pune com até quatro anos de reclusão discriminação de pessoas com HIV.

Sancionada em 2 de junho pela Presidenta Dilma Rousseff, a Lei nº 12.984/2014 não é produto de proselitismo, mas nasce do fato de que, desde o surgimento da aids, no início dos anos 1980, as pessoas infectadas pelo vírus HIV ou afetadas pela síndrome da imunodeficiência adquirida têm sofrido preconceito e segregação em todo o Brasil.

As pessoas que vivem com HIV não reivindicam “cidadania especial”, mas a oportunidade de ter os mesmos direitos de todos, como o direito à escola e ao trabalho, exemplificados na lei. Não é porque a mídia não traz mais histórias de pessoas com HIV linchadas em suas comunidades e crianças que são excluídas das escolas que esses fatos não acontecem cotidianamente em todo o país.

Não são de “comunidades influentes” homens e mulheres jovens, negros e de baixa escolaridade a maioria dos infectados atualmente e que, diariamente, perdem seus postos de trabalho por terem contraído o vírus. São portadores do HIV que frequentemente são excluídos de editais de concursos públicos. Isso é segregação, o ato de isolar, afastar, subtrair, tirar, separar e excluir, por exemplo, verbos com significados bem objetivos, por sinal.

O Foaesp e a RNP+ SP repudiam veementemente artigos como o do jornalista de “Veja”. Textos como o publicado em 3 de junho nada acrescentam ao debate por um país socialmente mais justo. O preconceito e discriminação que sofrem as pessoas que vivem com HIV não podem ser comparados ao de nenhum outro agravo à saúde, pois cada patologia tem suas especificidades. Algumas são curáveis, o HIVaids ainda não.

Por fim, o Foaesp e a RNP+ SP lamentam que o texto do jornalista seja contrário, também, ao excelente trabalho do Projeto Atitude Abril, que tem colaborado para diminuir o preconceito e a discriminação às pessoas que vivem com HIV.

Fonte: Foaesp e RNP+ SP

Reportagem – Violência contra crianças

O jornal RIC Notícias veiculou no dia 4 de junho uma reportagem especial sobre violência cometida contra crianças. A reportagem revela que a violência dentro de casa é a que mais cresce. A presidente da Associação Fênix, Sandra de Paula Lima, foi entrevistada na reportagem.

 

Confira no link a seguir:

http://pr.ricmais.com.br/ric-noticias/videos/maiores-viloes-da-violencia-infantil-estao-dentro-de-casa/

Livre escolha terapêutica dos soropositivos

Os grupos de soropositivos que estão se formando em muitos países lutam para obter direitos.

  • O direito de escolher médico e terapias, o que inclui o direito de uma desintoxicação sem medicamentos.
  • O direito de saber que toda a ciência que hoje define a AIDS está fundamentada em hipóteses e não em fatos comprovados, submetidos às regras da ética científica. Conseqüentemente, todos os testes diagnósticos e todos os tratamentos são empíricos.
  • O direito de ser hospitalizado (por ordem de um clínico geral) sem pressão para tomar antiretrovirais ou inibidores de protease, que são medicamentos tóxicos e experimentais.
  • O direito a exames para detectar carências passíveis de serem tratadas por uma alimentação saudável ou por suplementos alimentares, vitaminas etc.
  • O direito a receber orientação nutricional, que salienta a qualidade e não a quantidade dos alimentos
  • O direito a um tratamento hospitalar para patologias graves, sem obrigação de tomar antiretrovirais ou inibidores de protease
  • O direito de ser tratado das doenças pelo seu nome tradicional e não como “AIDS”.
  • O direito de questionar a validade dos exames de laboratório e de ser informado sobre os efeitos secundários dos medicamentos.
  • O direito ao apoio psicológico, isento de pressão, para tomar medicamentos.
  • O direito de assinar um documento pedindo exclusão de análises e tratamentos relacionados ao “vírus da AIDS”.
  • O direito de tratar-se livremente pelas medicinas alternativas sem perder a ajuda do Estado.

Fonte: taps.org.br

Abuso sexual infantil agora é crime hediondo

Punição também valerá para quem favorece o crime, não somente para quem pratica; as penas podem variar de quatro a dez anos de prisão em regime fechado.

Um projeto de lei que torna hediondo o crime de exploração sexual de crianças e adolescentes foi aprovado nesta quarta-feira pelo plenário da Câmara. O projeto, que vai agora à sanção presidencial, prevê que condenados pelo crime não poderão ter nenhum direito à liberdade provisória, anistia ou indulto.

Além disso, o texto aprovado também prevê que o ato de favorecer a prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança, adolescente ou vulnerável também se torne crime inafiançável sob pena de pena de quatro a dez anos, que deverá ser cumprida em regime fechado. Pode haver progressão do regime, no entanto, somente após o cumprimento de dois quintos da pena, para réus primários, e de três quintos para reincidentes. Essas penas também serão aplicadas a quem for flagrado, ainda em contexto de prostituição, praticando sexo ou ato libidinoso com alguém com mais de catorze anos e menos de dezoito.

Atualmente, homicídio qualificado e execuções por grupos de extermínio já são considerados crimes hediondos. Além desses, também são hediondos os crimes de latrocínio, extorsão mediante sequestro e estupro. “Um dos crimes mais graves de que temos conhecimento é a exploração sexual de crianças. Poucos comportamentos suscitam tanto repúdio social, sobretudo quando resulta em atentado à liberdade sexual e se revela como a face mais nefasta da pedofilia”, reforça o autor do projeto, senador Alfredo Nascimento (PR-AM).

Pontos de risco em rodovias – Conforme levantamento da Polícia Federal e da Secretaria de Direitos Humanos, existem mais de 1.800 prontos de risco de exploração sexual de crianças e adolescentes em rodovias federais. Somente na Operação Anjo da Guarda, deflagrada em 2005, a Polícia Federal conseguiu resgatar em uma madrugada 48 adolescentes e três crianças vítimas de abuso nas estradas e prendeu 27 adultos. Em 2010, havia um ponto de prostituição a cada onze quilômetros das rodovias paulistas.

Ainda existe uma verdadeira rede de exploração sexual de crianças em vários pontos do Brasil, segundo a relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a deputada Liliam Sá (Pros-RJ). “Há muitos pedófilos e exploradores de crianças que precisam ser presos e, só assim, as crianças serão prioridade neste país”, disse Liliam.

Fonte: Veja

A segurança da vacina contra HPV

O HPV (papilomavírus humano) é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. Com mais de cem tipos de vírus,  estima-se que 50% da população sexualmente ativa já tenha sido infectada por algum tipo de HPV.  “É uma doença altamente infecciosa, até mais que o HIV. Para estar exposto aos vírus, não precisa necessariamente ter relação sexual com penetração. As pessoas virgens não estão necessariamente protegidas contra o HPV, pois ele pode ser transmitido por contato sexual, que envolve sexo oral e carícias”, explica o Secretário de Vigilância em Saúde Jarbas Barbosa.

Embora o preservativo ofereça proteção efetiva, é possível que a transmissão ocorra mesmo com seu uso, uma vez que o parceiro pode ter verrugas na parte externa dos genitais e na área com pelos, regiões que não são cobertas pela camisinha,  e acabar transmitindo o vírus. Mas esse fato não exclui o uso do preservativo, pois sem ele as pessoas ficam mais expostas ao HPV e a outras DSTs.

Como  a intenção de evitar futuras contaminações pelos vírus, o Ministério da Saúde do Brasil adotou mais uma medida preventiva que deve ser somada ao uso do preservativo e ao exame de papanicolaou:  a campanha de vacinação contra o HPV, iniciada no dia 10 de março de 2014.  Cerca de 2 milhões de meninas de 11 a 13 anos já foram imunizadas contra quatro tipos do vírus: dois de alto risco (16 e 18)  e dois causadores das verrugas genitais benignas (6 e 11). O ministério  também conseguiu negociar e comprar a vacina pelo preço mais baixo do mundo: cada dose saiu por R$30. Como são três, cada menina gera um gasto de R$ 90 para o governo, que oferece gratuitamente as três doses. Mesmo não sendo um valor baixo, o preço está muito mais em conta do que o oferecido pela rede privada, que chega a cobrar R$1.500 pelas três doses.

A vacina foi criada em 2006, na Austrália,  “e já faz parte dos programas de imunização de mais de 50 países como estratégia de saúde pública”, afirma o dr. Marco Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria e professor de pediatria da FCM da Santa Casa de São Paulo. Desde o lançamento da vacina, mais de 170 milhões de doses foram aplicadas no mundo, principalmente em seu país de origem, América do Norte e Europa. Os resultados na redução dos casos de infecção por HPV são animadores:  nos Estados Unidos, as infecções pelos tipos de HPV sobre os quais a vacina atua foram reduzidas à metade. “Na Austrália observou-se redução de mais de 90% nos casos de verrugas genitais entre as mulheres da faixa etária incluída no programa de vacinação.”

Na  maioria das vezes, o vírus do HPV é eliminado espontaneamente pelo organismo, mas em alguns casos ele pode provocar a formação de verrugas na pele e nas regiões oral (lábios, boca, cordas vocais, etc.), anal, genital e da uretra, além de lesões de alto risco nos órgãos genitais que podem evoluir lentamente para o câncer de pênis e o de colo de útero. O tumor peniano é raro e representa apenas 0,4% dos carcinomas malignos do sexo masculino; já o câncer de colo de útero é bem mais comum: estima-se a ocorrência de cerca de 15.600 mil novos casos anualmente, o que significa o terceiro câncer mais comum entre as brasileiras, atrás apenas dos tumores de mama e colorretal. O mais preocupante é que, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. Portanto, não há dúvida de que as mulheres são as maiores vítimas dessa DST.

Afinal, e os efeitos colaterais?

Quando o Ministério da Saúde anunciou a campanha de vacinação, algumas especulações sobre a segurança da imunização, principalmente a respeito dos efeitos colaterais, começaram a ser levantadas. O pediatra Daniel Becker é um dos especialistas que questiona a exposição dessas meninas a efeitos colaterais que, segundo ele, podem ser gravíssimos. “Antes de mais nada, estou me posicionando de forma bem clara como opinador, não sou infecto nem imunologista, sou um médico com opinião formada embasada em muita leitura”, frisa Becker. “Por mais que falem da proteção contra o câncer, ainda há controvérsias, com histórico perigoso. São efeitos colaterais graves, incluindo eventos neurológicos.”

Segundo a dra. Vivian Iida Avelino-Silva, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês,“ao analisarmos com cuidado os efeitos adversos relatados, constatamos que nenhum pôde ser atribuído à vacina contra o HPV. Ou seja, trata-se de uma associação ao acaso, uma coincidência que sempre acontece quando um grande número de pessoas recebe uma vacina nova em um curto período de tempo.

“Não há até o momento nenhum estudo que tenha associado de maneira inequívoca a vacina de HPV a algum evento adverso grave. Como todo e qualquer produto imunobiológico (vacinas, medicamentos, etc.), é claro que  eventualmente pode-se observar efeitos adversos. Após esses anos todos de uso da vacina, os dados de segurança obtidos pelos sistemas de vigilância dos países que a introduziram nos seus programas mostram que a vacina contra HPV é segura, com a ocorrência de eventos adversos, na sua maioria leves, como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em raros casos, ela pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38ºC ou síncope (desmaios)”, afirma o pediatra dr. Marco Sáfadi.

A ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, podendo acontecer com a aplicação de qualquer outra vacina ou produto biológico injetável. “Portanto, recomenda-se vacinar as adolescentes sentadas e mantê-las em observação por aproximadamente 15 minutos após a administração da vacina”, finaliza Sáfadi. Recentemente foram registrados dois casos de convulsões em Pelotas, no Rio Grande do Sul, associados à vacina, o que resultou na suspensão da campanha. No Espirito Santo, outras nove meninas apresentaram efeitos colaterais relacionados à imunização.

“Vacinamos quase 2 milhões de meninas. Se você pegar esse número, durante duas semanas, alguém vai apresentar problema com a vacina. De toda maneira, os casos do Espírito Santo são tidos como leves. Já a convulsão é grave e, como  fazemos com qualquer  outra vacina, vamos investigar, já que não há nenhum relato de convulsão [relacionado à vacina] na literatura. O que não significa, necessariamente, que esses casos estejam ligados diretamente à vacina, uma vez que essas meninas podiam apresentar problemas de saúde antes de serem vacinadas”, afirma o secretário Barbosa.

“Temos que ter cuidado com o que estamos falando. Uma coisa é associar os efeitos colaterais com a vacina e analisar se isso é fato ou não. Outra coisa é falar que ela não funciona e pode matar. Isso não pode ser dito. Muitas vacinas são associadas a essas mesmas reações e nem por isso  vamos deixar de tomá-las. Eu estive num congresso europeu que relacionou a síndrome de Guillian-Barré (doença do sistema nervoso) com a antitetânica e a vacina da hepatite, assim como estão fazendo com a do HPV. São casos isolados e não um fato”, explica  a dra. Isabella Ballalai, presidente Nacional da Comissão de Revisão de Calendários da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Para o pediatra Daniel Becker a aprovação foi precipitada, sem tempo suficiente para se analisar as reações causais. “Eu me pergunto se com o passar dos anos não vamos perceber que elas ocorreram  de forma causal mais para frente, com milhares de meninas vacinadas. A imunização é de 2006 e está aprovada há cinco anos. Foi testada em um tempo curtíssimo. Nós não deveríamos ter tido mais cautela? Eu tenho as minhas desconfianças.”

Segundo o dr. Marco Sáfadi, “na verdade, quando a vacina foi aprovada nos EUA, em 2006, as autoridades revisaram estudos que incluíram perto de 20 mil mulheres de várias idades que receberam a vacina de HPV ou outras vacinas em estudos controlados, demonstrando segurança e eficácia de mais de 90%  na prevenção de lesões pré-cancerosas, adenocarcinoma e verrugas genitais causadas pelos tipos contemplados pela vacina. Esses estudos acompanharam as mulheres por 2 a 4 anos após a vacinação e foram julgados suficientes para o licenciamento da vacina para as indicações então vigentes”.

Por que só essa faixa etária?

“Essa faixa etária foi escolhida por dois motivos. Primeiro, a vacina é mais efetiva em meninas que ainda não tiveram contato sexual e não foram expostas ao HPV. Segundo, porque é nessa idade que o sistema imunológico apresenta melhor resposta às vacinas. Com base em pesquisas feitas pelo IBGE, 28% dos jovens  começam a ter contato sexual a partir dos 13 anos, então vacinando essa faixa etária conseguimos um melhor aproveitamento dos efeitos da vacina.  Esse ano vamos vacinar todas as meninas dos 11 aos 13, em 2015, as dos 9 aos 11. Daqui dois anos, todas as meninas até 15 anos estarão protegidas”, explica Jarbas. Isso não quer dizer que a vacina perca efeito depois do inicio da vida sexual.

“A vacina é eficaz para as virgens e para aquelas que já iniciaram a vida sexual. É claro que a efetividade é menor por uma questão: a menina que já iniciou a vida sexual pode ter tido contato com o vírus antes de se vacinar. O vírus pode estar ali no organismo, sem se manifestar. Ela toma a vacina hoje e depois de um tempo o vírus pode ‘acordar’. Não quer dizer que a vacina não fez efeito, mas que a menina já estava infectada quando foi imunizada”, fala Ballalai.

Papanicolaou x Vacina

“Antes de mais nada, é preciso ficar claro para todos: em nenhum momento falamos em substituir uma estratégia pela outra, as duas se complementam. A vacinação é uma ferramenta de prevenção primária antes da entrada do vírus no organismo e não substitui o rastreamento do câncer de colo de útero causado que já esteja em evolução”, explica o pediatra dr. Marco Sáfadi. Portanto, é imprescindível manter a realização do exame preventivo (exame de Papanicolaou), pois as vacinas não protegem contra todos os tipos oncogênicos de HPV.

Dessa forma, o rastreamento das mulheres por meio do exame preventivo deve continuar sendo realizado, independentemente da vacinação. “Nenhum meio de prevenção é  100% seguro. A camisinha é segura, mas nem todo mundo usa. Nem todas as mulheres têm acesso ao papanicolaou, sua cobertura está bem longe da totalidade, fora os inúmeros erros de leitura. Sem abrir mão de nenhuma prevenção, agora nós temos  outra  ferramenta, temos três. As meninas que estão tomando a vacina agora vão receber  a orientação de que a imunização não elimina a necessidade da camisinha e do exame.A incidência de câncer de colo de útero vai ser muito menor do que hoje”, explica o secretário de vigilância Jarbas Barbosa.

“Após vários anos de experiência em programas de imunização no mundo a vacina de HPV mostrou-se segura e não foi associada a eventos adversos graves. A vacinação das meninas no início da puberdade oferece a possibilidade de uma excelente resposta imune, característica desse grupo etário, além de permitir a otimização da proteção da vacina ao administrá-la em uma idade que precede a idade de risco de exposição ao HPV. O benefício da vacinação nos parece, portanto,  inquestionável, merecendo o total apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria”, finaliza o dr.Marco Sáfadi.

Fonte: Drauzio Varella

Seminário Ações pela Vida discute temas enfrentados por pessoas que vivem com HIV/ AIDS

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A Associação Fênix realizou em Curitiba o segundo Seminário Ações pela Vida, que aconteceu entre os dias 03 e 06 de outubro de 2013 e reuniu, de todo o Brasil, adolescentes e jovens que vivem com HIV e AIDS, familiares, profissionais e lideranças comunitárias envolvidas na luta contra a AIDS, instituições e agentes que trabalham com a temática. A BrazilFoundation está apoiando a Fênix este ano e esteve presente no evento, representada pela Coordenadora do Setor de Monitoramento de projetos Clarissa Worcman.

Este seminário é um momento privilegiado de discussão, formação, articulação e integração entre os participantes, que discutiram sobre questões que as pessoas que vivem com HIV/ AIDS e seus familiares enfrentam. Foram debatidos temas como educação, saúde, direitos humanos, violência, sexualidade, família, viver e conviver com HIV/AIDS, separados por grupos de crianças, jovens e adultos. Ao final de cada oficina, os grupos preparam um documento com as questões mais relevantes e vão montar um documento único, que será mostrado na Conferência Nacional de Saúde.

A Conferência acontece em média a cada quatro anos e tem como objetivo principal avaliar a situação de saúde no país, orientando governos na elaboração e definição de ações que sejam prioritárias nos âmbitos estaduais, municipais e nacional, e propor diretrizes para a formulação da política de saúde.

Fonte: bfnoticia.wordpress.com